A Associação Mineira de Municípios (AMM) ingressará com um requerimento em ação que está em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a prorrogação por seis meses do prazo para que as cidades possam avaliar a adesão ao acordo de Mariana, que prevê compensações pelo rompimento de barragem em novembro de 2015.




The debris of the municipal school of Bento Rodrigues district, which was covered with mud after a dam owned by Vale SA and BHP Billiton Ltd burst, is pictured in Mariana, Brazil, November 10, 2015. REUTERS/Ricardo Moraes/File photo

Foto: Reuters

Paralelamente, nesta sexta-feira, 21 municípios de Minas e Espírito Santo entraram com nova ação civil pública contra a Samarco e suas controladoras (Vale e BHP) pedindo R$46 bilhões adicionais por conta do desastre, segundo documento visto pela Reuters.

A ação acontece apesar de um acordo global ter sido assinado no ano passado, prevendo uma quantia total a ser paga pelas mineradoras de 170 bilhões de reais, considerando 132 bilhões de dinheiro novo e 38 bilhões já gastos desde o colapso da estrutura, em novembro de 2015.

Mas os municípios ainda teriam que aderir posteriormente ao chamado acordo global, cujo prazo de adesão vai até 6 de março. Muitos alegam que não foram incluídos como deveriam nas negociações de tal acordo.

O colapso da barragem da Samarco, uma joint venture da Vale com a BHP, despejou uma onda gigante de rejeitos de minério de ferro que soterrou comunidades, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce em toda a sua extensão até o mar do Espírito Santo.

Em nota à imprensa nesta sexta-feira, a AMM afirmou que muitos prefeitos “estão em início de mandato e sequer têm conhecimento da existência desse acordo, que impõe obrigações significativas às prefeituras”.

“Com o prazo de 120 dias, já em contagem desde novembro, o tempo restante é insuficiente para que os gestores avaliem adequadamente as cláusulas e os impactos dessa decisão para os municípios”, afirmou a nota, pontuando ainda que os municípios foram excluídos do processo decisório.

O prefeito de Mariana, a principal cidade atingida, Juliano Duarte (PSB), afirmou mais cedo em coletiva de imprensa que a cidade não iria aderir ao acordo de reparação.

O acordo global prevê R$6,1 bilhões aos municípios, dos quais R$1,3 bilhão seriam para Mariana, a serem pagos ao longo de 20 anos.

Segundo a Samarco, apenas 17 dos 49 municípios elegíveis aceitaram oficialmente a proposta até agora.

A mineradora acrescentou que dois municípios assinaram a adesão nesta sexta-feira: Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado.

À Reuters, a diretora jurídica de riscos e conformidade da Samarco, Najla Lamounier, disse nesta sexta-feira que houve um pico de procura dos municípios nos últimos dias, principalmente para tirar dúvidas sobre o acordo.

Segundo ela, a Samarco está confiante com a adesão de novos municípios até o fim do prazo.

Lamounier reconheceu que a concorrência com um processo que ocorre em Londres, contra a BHP, em busca de reparações e compensações pelo desastre para pessoas e municípios, pode estar “pesando” contra o acordo no Brasil.

Mas reiterou que a Samarco considera a opção pela jurisdição em Londres uma “aventura jurídica”, pois segundo ela ainda não é certo e pode levar muito tempo.

O escritório responsável pela ação em Londres Pogust Goodhead explicou que 46 municípios afetados pelo rompimento faziam parte da ação inglesa, mas que sete decidiram sair da ação.

Tom Goodhead, CEO e sócio fundador do escritório, afirmou à Reuters que a recusa de Mariana “é uma prova da forte liderança do prefeito Juliano, não apenas em nome de seu município e seu povo, mas de mais de 610 mil pessoas atualmente na ação inglesa”.

A Samarco não quis comentar sobre a nova ação contra a mineradora.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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