Nina da Hora falou sobre os paradoxos da tecnologia com Caio Vieira Machado e Daniela Lerario no Encontro Futuro Vivo, nesta terça-feira, 26
26 ago
2025
– 16h37
(atualizado às 16h41)
Falar sobre tecnologia é falar sobre paradoxos. E, no momento, a situação está dividida em 50% de desastre e 50% oportunidade. É o que avaliou a mestre em inteligência artificial e pesquisadora em tecnologia Nina da Hora durante o Encontro Futuro Vivo, que acontece nesta terça-feira, 26, com transmissão ao vivo pelo Terra. O painel também contou com a participação de Daniela Lerario, ambientalista e especialista em ação climática, Caio Vieira Machado, advogado especialista na interseção entre direito e tecnologia, e mediação de Victor Cremasco, sócio e CEO da Mandalah Brasil e host do podcast Futuro Vivo.
Nina, como cientista da computação que debate inteligência artificial, considera como desastre o fato de a maior parte da implementação de tecnologias no Brasil já ter sido implementada em outros países há cerca de 10 anos. “O que vivenciamos no Brasil é resultado de outros países, que a maioria está no norte global”, explica.
Mas o fato de essas tecnologias estarem em evidência não significa que sejam únicas. Ela conta que há uma gama de tecnologias que não estão sendo faladas e que, em meio a isso, é preciso usar a tecnologia de forma decolonial. Diferente do norte global, na América Latina, o conhecimento não é construído em uma disputa de “quem é o melhor”, mas a partir da valorização do conhecimento local, avalia. E nisso, há muitas oportunidades.
Com relação à inteligência artificial, por exemplo, ela conta que o primeiro chatbot foi criado há mais de 35 anos. De lá pra cá, muita coisa mudou e a IA passou a ocupar um espaço muito maior na vida das pessoas em meio a um desenfreado avanço tecnológico e com pouca transparência. Para Nina, isso tem gerado riscos como a perda da noção de tempo, o bombardeio de informações e o impacto no pensamento crítico.
Ela evidencia, ainda, o risco de vieses – como os de gênero e raciais – por as tecnologias em questão serem moldadas a partir de um olhar sobre o mundo específico, e normalmente sem deixar isso evidente. Nisso, há quem terceirize suas tomadas de decisões a partir de tecnologias sem nem saber quais são as regras por trás delas, e é a partir disso que violências costumam ocorrer.
“As pessoas que estão desenvolvendo [as novas tecnologias, como as IAs] são na maioria homens brancos com uma ideia de mundo e de sociedade, sendo a maioria do Vale do Silício”, diz, em referência à região que fica na Califórnia, nos Estados Unidos, conhecida como o centro global de inovações tecnológicas.