A qualidade das águas nas praias do litoral de São Paulo tornou-se uma preocupação central após a atualização do relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) em 2 de janeiro de 2025. Segundo o levantamento, 38 praias foram classificadas como impróprias para banho devido à alta presença de bactérias provenientes de esgoto. Essa análise, baseada em amostras coletadas até 29 de dezembro de 2024, evidencia a crescente degradação ambiental que afeta tanto os moradores quanto os turistas.
As praias consideradas impróprias são sinalizadas com bandeiras vermelhas, alertando sobre os riscos de contaminação. O critério principal para essa classificação é a presença de mais de 100 colônias de bactérias fecais por 100 ml de água. A contaminação, frequentemente associada ao despejo de esgoto doméstico e ao escoamento de águas pluviais contaminadas, levanta questões sobre a infraestrutura sanitária e o impacto da alta temporada turística.
A Cetesb realiza o monitoramento semanal de 175 praias no estado, dividindo pontos de coleta em faixas distintas para garantir precisão nos resultados. O relatório mais recente aponta que São Sebastião e Santos são os municípios com o maior número de praias impróprias, seguidos por outras regiões turísticas como Ubatuba, Ilhabela, e Guarujá.
Os critérios de balneabilidade e seus impactos na saúde
Uma praia é considerada imprópria para banho quando os níveis de bactérias fecais excedem os limites seguros definidos por normas ambientais. Essa contaminação é frequentemente causada pelo despejo inadequado de esgoto ou pelo escoamento superficial durante períodos de chuva. Entre os riscos para a saúde pública estão doenças gastrointestinais, infecções dermatológicas e até problemas respiratórios, causados pelo contato ou ingestão da água contaminada.
Distribuição das praias afetadas por município
O relatório da Cetesb revelou a seguinte distribuição das praias consideradas impróprias:
- Ubatuba: Itaguá e Lázaro.
- Caraguatatuba: Prainha.
- São Sebastião: Cigarras, São Francisco, Arrastão, Pontal da Cruz, Deserta, Porto Grande e Preta do Norte.
- Ilhabela: Itaquanduba, Itaguaçu, Portinho, Feiticeira e Julião.
- Guarujá: Perequê e Enseada (Av. Santa Maria).
- Santos: Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Boqueirão, Gonzaga, José Menino (R. Olavo Bilac e Av. Frederico Ozanan).
- São Vicente: Milionários e Gonzaguinha.
- Praia Grande: Aviação, Vila Tupy, Vila Mirim, Maracanã, Real e Flórida.
- Mongaguá: Central, Vera Cruz e Santa Eugênia.
- Itanhaém: Sonho e Balneário Jardim Regina.
Essa distribuição reforça a necessidade de ações locais para melhorar o saneamento e evitar que mais áreas entrem na lista de praias impróprias.
Histórico recente da qualidade das praias paulistas
No final de dezembro de 2024, o número de praias impróprias era de 26, representando um aumento expressivo para 38 em menos de um mês. Esse salto destaca a vulnerabilidade do litoral paulista em períodos de alta temporada, quando o fluxo de turistas sobrecarrega a infraestrutura local. A comparação com relatórios de anos anteriores também revela uma tendência preocupante de deterioração das águas litorâneas, exigindo atenção imediata de autoridades e comunidades locais.
Fatores que contribuem para a contaminação
Diversos fatores contribuem para a contaminação das águas no litoral paulista:
- Esgoto doméstico: Grande parte das cidades litorâneas não possui sistemas de coleta e tratamento de esgoto adequados, resultando no despejo direto em rios e no mar.
- Chuvas intensas: O escoamento superficial transporta poluentes, como resíduos sólidos e químicos, para as praias.
- Alta temporada: O aumento populacional durante feriados e férias agrava a carga nos sistemas de saneamento.
- Falta de conscientização: O descarte inadequado de resíduos pela população local e turistas também impacta negativamente a qualidade das águas.
Medidas para melhorar a balneabilidade
Para reverter o cenário atual, é necessário implementar ações estruturais e educativas. Entre as principais medidas estão:
- Expansão do saneamento básico: Investimentos em redes de coleta e estações de tratamento de esgoto.
- Educação ambiental: Campanhas para conscientizar moradores e turistas sobre o impacto do descarte inadequado de resíduos.
- Políticas públicas: Desenvolvimento de projetos de preservação ambiental e fiscalização rigorosa.
- Engajamento comunitário: Incentivo à participação da sociedade civil em iniciativas de limpeza e preservação.
O impacto no turismo e na economia local
A classificação de praias como impróprias para banho tem consequências diretas no turismo, principal motor econômico de muitas cidades litorâneas. A diminuição no número de visitantes afeta desde hotéis e restaurantes até comerciantes informais que dependem do fluxo turístico. Além disso, a reputação das praias paulistas pode ser prejudicada, afastando visitantes em longo prazo.
Curiosidades e dados históricos sobre a balneabilidade no Brasil
- A prática de monitorar a qualidade das águas começou nos anos 1970, quando a urbanização das cidades costeiras trouxe à tona a necessidade de preservar as praias.
- No Brasil, os critérios de balneabilidade seguem padrões estabelecidos pela Resolução Conama 274/2000.
- Em 2024, o litoral brasileiro registrou mais de 400 praias impróprias, com o Nordeste liderando em número de locais afetados.
Importância do monitoramento contínuo
A Cetesb desempenha um papel crucial ao realizar avaliações semanais da qualidade das águas no litoral paulista. Essas análises não apenas orientam os banhistas, mas também fornecem dados valiosos para a formulação de políticas públicas e investimentos em infraestrutura. O monitoramento contínuo é essencial para identificar áreas críticas e tomar medidas corretivas.
Dicas para evitar riscos à saúde
- Consulte os relatórios semanais antes de visitar as praias.
- Evite nadar em áreas sinalizadas com bandeiras vermelhas.
- Prefira praias localizadas em áreas menos urbanizadas, onde a contaminação é geralmente menor.
- Após chuvas intensas, evite o banho de mar, pois há maior risco de poluição.
Perspectivas para o futuro
O desafio de melhorar a qualidade das águas no litoral paulista exige uma abordagem integrada, envolvendo governos, empresas e a população. Apenas com investimentos robustos em infraestrutura, educação ambiental e políticas públicas será possível garantir praias mais limpas e seguras para todos.