2025, o ano dos 3 Cs: Consistência, Coerência e Compromisso Sonia Consiglio — Foto: Arte sobre foto de divulgação

Olhando para 2025 em perspectiva, no apagar das suas luzes, três palavras que me vêm à mente para resumi-lo do ponto de vista da sustentabilidade corporativa: Consistência, Coerência e Compromisso. Um ciclo que começa com continuidade de graves conflitos geopolíticos, eventos climáticos extremos devastadores e fortes movimentos contrários só pode ser definido como um ciclo que testou as empresas na sua verdade nas questões ambientais, sociais e de governança.

Lido com o mundo corporativo diariamente como consultoria de administração, membro de comitês de sustentabilidade, fazendo palestras ou junto a organizações do mercado. O que mais vi em 2025 foi uma preocupação com o cenário macro e, ao mesmo tempo, uma reafirmação da importância de se seguir ocorrendo, talvez dirigindo o ritmo, talvez pausando iniciativas (a vida como ela é), mas seguindo na jornada. Estratégia não se muda ao sabor dos ventos. E ESG já é fator estratégico – em maior ou menor grau, com mais ou menos maturidade – nas empresas de visão.

Assim, defina 2025 como “O Ano dos 3 Cs”:

  1. Consistência – as empresas precisaram ser firmes este ano, demonstrando (ou não) que as ações anunciadas eram de fato parte do plano corporativo e, portanto, seguiriam seu curso.
  2. Coerência – nos últimos anos, as empresas divulgaram muitos projetos ambientais e sociais. Como se posicionariam agora, numa maré mais revolta? Havia concretude por trás do discurso? O mercado cobre essas respostas em 2025.
  3. Compromisso – uma agenda ESG pautada por compromissos. Eles concretizam a importância que se dá a esses temas. Compromisso implica responsabilidade e um dos testes do ano foi que as empresas seguiriam fielmente aos compromissos que assumiram nos períodos recentes.

Nos meus 20 artigos no Valor Investe ao longo de 2025, tentei registrar esses movimentos, suas forças, dilemas, possibilidades, avanços e paradas no acostamento. Divida-os aqui em seis categorias: Negócios, Empresas, Conselhos, COP30, Outros Ângulos e Reflexões.

Negócios – O Fórum Econômico Mundial é personagem frequente dos meus textos, dado o seu poder de influência. Em janeiro, eu trouxe os resultados da 20ª edição do Relatório de Riscos Globais (“Desinformação, crise climática, conflitos: os riscos de Davos já são reais”); em abril, abordei os 20 anos desse documento (“Davos: 20 anos de riscos, um retrato da história”); e, em agosto, o tema foi sua publicação sobre cooperação global (“Cooperação Global: o ponto não é ‘se’ devemos colaborar, mas ‘como‘”). O Valor Econômico, por sua vez, apoiando a agenda ESG na relevante premiação Valor 1000. Em setembro, publiquei dois artigos a respeito: “Achados ESG no Valor 1000”e“Reflexões ESG no Valor 1000”.

Empresas – em março, apresentai o formato inovador da Vinci Compass para seus Temas Materiais (“Teia da Materialidade: porque tudo está interligado!”); em maio, em conjunto com a cara Regina Magalhães, abordamos as aplicações de IA na transformação do modelo econômico (“Por uma IA que transforma a economia”); em julho, compartilhei minha satisfação, como consultoria de administração, ao ver uma das companhias onde atua, a EcoRodovias, ser premiada por suas ações ESG, simbolizando o esforço nada banal do meio corporativo nessa direção (“As melhores devem dar o exemplo – e estão dando”).

Conselhos – comecei fevereiro sinalizando quais seriam as tendências para os Conselhos de Administração (“2025 será (ainda mais) solicitado para os Conselhos”); e, em outubro, dividi minha visão sobre a singularidade desses colegiados em “Cada conselho é um conselho”.

COP30 – uma importante conferência anual da ONU sobre Mudanças Climáticas em Belém foi meu foco em abril, “Mensagens capitais da Carta da COP30”, Maio, “Comunicação e COP30: dobradinha de valor”, e dezembro, “Fora da bolha da COP30”.

Outros Ângulos – sustentabilidade é transversal, como expus em agosto, “Sustentabilidade em campo, nas quadras, em tudo!”, e novembro, “Do vôlei para o mundo corporativo (ea vida)”.

Reflexões – não foram poucas as vezes em 2025 em que eu peguei constatando que ainda temos um longo caminho a percorrer para a transformação de modelo de mundo. Os artigos de abril, “Corpos reais no mundo real. Cadê a diversidade?”e novembro, “Quem falta na sala?“, expressei isso. Em julho, coloquei meus sentimentos em relação à continuidade IA em “Eu não uso IA – e vou bem, obrigada”. Em junho, registrei o lançamento do meu terceiro livro em “Vivipraver2 – 5 anos de coluna no Valor Investe” (Heloisa Belluzzo Editora). Ao compilar nessa obra meus 109 textos escritos de 2020 a 2024 no Valor Investe, e tecer comentários atuais, entrei num túnel do tempo e reflexões sobre o que já vivemos e o que há por vir.

Como costumo fazer, publiquei no início do ano um artigo sobre o que esperar do novo ciclo (“ESG em 2025: o que esperar?“). Separei em macro contexto e ESG. É interessante rever esse conteúdo 11 meses depois e verificar o que, afinal, 2025 nos reservou. Vem comigo?

  1. Conflitos geopolíticos: Infelizmente, os conflitos seguiram, com fracos acenos de paz aqui e ali. Que 2026 seja mais eficaz.
  2. Desigualdades sociais: ainda não temos os dados do ano, mas um olhar apurado não nos deixa muito otimistas sobre como o mundo lidou com essa chaga histórica.
  3. Inteligência Artificial: a revista Time elegeu como “Personalidade do Ano de 2025” os “Arquitetos da IA”, grupo de pessoas por trás da sua ascensão. A capa da Time traz CEOs de grandes empresas de tecnologia, como Mark Zuckerberg (Meta), Jensen Huang (Nvidia), Sam Altman (OpenAI) e Elon Musk (Tesla/xAI). A Time justificou a escolha pelo “impacto ‘sísmico’ e a influência inegável da IA ​​em todos os aspectos da vida global ao longo do ano”. Não preciso dizer mais nada…

Todos os fatos relacionados a ESG que elenquei em fevereiro como impactantes para 2025 realmente o foram, e seguiremos pautando 2026, sem dúvida: eventos climáticos extremos, efeitos do segundo governo Trump, movimentos pendulares (antiESG, DEI – Diversidade, Equidade e Inclusão…), novas regulamentações, mercado de carbono e COP

30. Aumentando a eles o nosso ano eleitoral, de uma coisa estou certa: 2026 não poderá ser acusado de monótono. Que venha!

Sônia Consiglio é Pioneiro dos ODS pelo Pacto Global da ONU e especialista em Sustentabilidade.

Sonia Consiglio — Foto: Arte sobre foto de divulgação

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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